quarta-feira, 8 de junho de 2011

Marília Gabriela e as mulheres - concurso




Saudações!

Recentemente, participei da 2ª Competitiva Nacional de Ilustração Literária (http://www.unopar.br/competitiva/) , promovida pela Universidade Norte do paraná, a UNOPAR.

Enviei dois trabalhos para o concurso e tive a felicidade de ter ambos premiados: um deles recebeu o Segundo Lugar, enquanto o outro recebeu Menção Honrosa.

Abaixo segue o texto no qual ambos foram embasados. A autoria é da escritora Indigo (2007):

"Marília Gabriela e as mulheres


Até os sete anos de idade eu era uma menininha de enormes olhos negros. Vivia com um sorriso no rosto. No final do sorriso, duas covinhas. Em casa, meu apelido era Pituquinha. Então comecei a ficar rechonchuda. Com nove, eu era gorda. Meu cabelo começou a enrolar até ficar crespo. Parei de comer. Com doze, eu era esquelética. Agora, além de crespo, meus cabelos eram armados e oleosos. Minha pele ficou oleosa. Espinhas brotaram no meu rosto. Para cada uma que eu espremia, surgiam mais dez. Meu nariz era um canteiro de cravos pretos. Tinha dias em que eu acordava com espinhas jorrando até sair sangue. Eu cortava bandeide em pedaços menores e grudava quadradinhos no rosto. Assustava-me com o que via no espelho. Resolvi que cortaria meu cabelo igual ao da Ana Paula Arósio. Mas não devo ter me expressado bem. Algo deu errado e ficou parecendo o do Tim Maia. Passei a usar uma tiara na cabeça. Ela resolvia parcialmente o problema, mas em compensação apertava minha cabeça, o que me deixava num humor terrível. Só arrancava a tiara quando não suportava mais a dor. Minha franja subia feito um visor. Não importava o que eu fizesse, estava sempre brigada comigo. Meus peitos, em vez de crescerem redondo, simplesmente apontavam para frente, feito duas lanças. Pêlos começaram a surgir nas minhas pernas, a única parte razoável do meu corpo. Passei a andar de calça jeans.


Como meus pais passavam por um período de aperto, minhas calças eram curtas e apertadas. Certo dia, ao sentar numa lanchonete, o botão voou, caiu no chão e foi rolando até o caixa. Eu tive de puxar a camiseta para fora e ir correndo atrás. Para disfarçar a calça curta eu dobrava a barra duas vezes, fazendo estilo pescador. Mas isso fazia com que os pêlos aparecerem. Então eu usava meias. Visto de fora, era esquisito. Mas visto lá de dentro, lá de onde eu me encontrava, era um estilo próprio que solucionava dois problemas. Esse era outro problema, com todas essas dificuldades, eu ainda tive a brilhante idéia de desenvolver um estilo próprio. Eu assistia TV Mulher.


Primeiro aparecia a Maríla Gabriela maquiada. Decidi que a melhor coisa que eu tinha a fazer era prestar atenção e passar uma base por cima das minhas espinhas. A diferença é que Marília Gabriela ficava sentadinha dentro de um estúdio, sem suar, sem jogar vôlei, sem perigo de se esquecer da própria imagem e começar a cutucar o rosto no meio do dia. A minha base só serviu para criar uma pasta melequenta que escorria e manchava a camiseta do meu uniforme, entregando meu disfarce no meio da aula. Eu queria matar a Marília Gabriela.


Depois vinha a Marta Suplicy, toda à vontade falando sobre sexo. Assim que ela começava a falar eu fechava os olhos e rezava para a Virgem Maria. Pedia que, através de Marta Suplicy, ela me ajudasse, porque no fundo, apesar de tudo, eu era uma boa pessoa. Os problemas do meu rosto tinham a ver com hormônios. Era o departamento dela. Mas, não. Marta Suplicy só falava de orgasmo para cá e orgasmo para lá, de mulheres com orgasmos triplos, das ondinhas vibratórias do orgasmo. Eu assistia a isso em pé, com o dedo no botão de “liga/desliga”, morrendo de medo do meu irmão aparecer bem no meio de alguma frase como “ondinhas vibratórias”. Aquelas mulheres haviam superado a fase de espinhas jorrando no meio do rosto. Elas eram casadas, tinham filhos, faziam sexo o tempo inteiro, trabalhavam na televisão, eram loiras, usavam maquiagem à prova d’água e claro, tinham um monte de orgasmos pela casa. Se elas pudessem me ver, nem sei o que fariam. Provavelmente olhariam uma para a cara da outra e discutiriam o comportamento dos adolescentes. "


Na primeira ilustração, usei de uma linguagem mais literal, buscando representar exatamente a cena que mais representaria o texto. Usei de alguns elementos para caracterizar mais a personagem, como por exemplo a estampa de sua blusa, que lembra o chocolate chokito (eca!).

Já na segunda peça, usei de uma linguagem mais expressiva, focando nos sentimentos da personagem. Toda sua agonia e frustração sendo ditas num poderoso grito sem som.

Espero que tenham gostado. Após o dia 20 de Junho, postarei como foi a premiação, com fotos e um review do evento!

Até logo!
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Greetings!



Recentely, I participated in the 2ª Competitiva Nacional de Ilustração Literária (http://www.unopar.br/competitiva/) , promoted by UNOPAR (North of Paraná University)

I submitted two papers to the contest and I was fortunate to have two winners: onereceived the Silver Prize, while the other received Honorable Mention.

I did not translated the text, my deepest apologies. So you guys who watch my work world-widely will have to translate it by yourselves or just see the pieces without the context (which make them loose a lot of its meaning)

In the first illustration, I used a more literal language, seeking to picture an exactly scene which would represent the text better. I used some elemets . I used some elements to increase the characther´s role, such as the pattern of her blouse, which resembles chocolate "chokito"

In the second piece, I used a more expressive approach, focusing on the character´s feelings. All her agony and frsutration being expressed in a soundless scream.

I hope you all liked it. After June 20th, I will post how was the award´s cerimony, with picutres and a review of the event.

See ya!